Vida… Morte: O Devir e o Sentido da Existência na Perspectiva da Psicologia
A vida humana é atravessada por um paradoxo fundamental: enquanto vivemos, sabemos que somos finitos. A consciência da morte é, talvez, uma das experiências mais intensas que a existência pode oferecer. Entretanto, é justamente essa finitude que pode conferir densidade e propósito à vida. O ciclo vida-morte-vida, o devir, o legado e o sentido da existência são temas centrais da filosofia e da psicologia, especialmente da Gestalt-terapia, que convida o ser humano a um encontro radical consigo mesmo — com sua presença, suas escolhas e seus processos internos.
A Psicologia e a Compreensão da Morte como Parte do Viver
Diversas correntes da psicologia se debruçaram sobre o mistério da morte e sua relação com o sentido da vida. A psicologia analítica de Jung, por exemplo, entende a morte como parte do processo de individuação, ou seja, do caminho que conduz o ser humano à integração de sua totalidade. Já a logoterapia, desenvolvida por Viktor Frankl, vê o enfrentamento do sofrimento e da morte como oportunidades para encontrar sentido.
Na visão existencialista, representada por pensadores como Rollo May e IrvinYalom, o confronto com a finitude pode ser o ponto de partida para uma vida mais autêntica. A morte, ao invés de ser uma ameaça, torna-se um espelho onde nos vemos com maior clareza, levando-nos a escolhas mais verdadeiras.
Gestalt-terapia: Presença, Ciclicidade e o Devir
A Gestalt-terapia, desenvolvida por Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman, é uma abordagem fenomenológica e existencial que enfatiza a consciência do aqui-e-agora. Para essa abordagem, viver é estar em constante processo. A morte, assim, não é entendida apenas como o fim da existência biológica, mas como parte natural de ciclos que se completam — nos sentimentos, nas relações, nos projetos, nas identidades.
A vida psíquica, segundo a Gestalt, é marcada por ciclos de contato e retirada, nascimento e término, assimilação e renovação. Cada fim contém um começo; cada morte simbólica abre espaço para o novo. É o princípio do *ciclo vida-morte-vida*, tão bem representado nos contos arquetípicos da alma feminina descritos por Clarissa PinkolaEstés, que também dialogam com o olhar da psicologia profunda.
Nesse contexto, o *devir* — o vir a ser — é a própria essência da existência. Não somos entes fixos, mas processos em movimento. O que somos se revela na forma como escolhemos nos posicionar diante da vida e da morte, dos encontros e das perdas.
Legado: O Eco do Ser no Mundo
O ser humano, ao perceber sua finitude, se volta também à ideia de legado. O que deixamos? O que permanece de nós quando não estivermos mais aqui?
Na Gestalt-terapia, o legado não precisa ser grandioso, público ou eterno. Pode ser a marca do cuidado em uma relação, a presença afetiva em uma família, uma ideia compartilhada, um gesto de amor. O que importa é a autenticidade do gesto — o viver pleno que transborda e deixa rastro.
Para a psicologia humanista, como na visão de Carl Rogers, o ser humano tende à autorrealização e à expansão. O legado, nesse sentido, é o florescimento daquilo que cada um tem de único, e sua contribuição à tapeçaria comum da existência.
Sentido da Vida: Uma Construção Dinâmica
O sentido da vida não é dado, é construído. Ele emerge do encontro entre o mundo interno e o mundo externo. É uma construção que se renova em cada fase, em cada crise, em cada perda.
Na Gestalt, esse sentido é vivido no presente. Ao estar plenamente consciente de si mesmo, de suas necessidades, emoções e escolhas, o indivíduo pode viver com mais inteireza e coerência. A vida ganha sentido não porque temos todas as respostas, mas porque escolhemos estar inteiros no caminho.
Frankl já dizia que “quem tem um porquê, suporta qualquer como”. A Gestalt diria que, ao se responsabilizar por seu próprio modo de estar no mundo, o ser humano se torna autor de sua existência — e isso, por si, é profundamente significativo.
Caminhar Consciente – Amor Pela Existência a Cada Passo
Vida, morte e vida novamente — o ciclo não é linear, mas espiralado. Em cada fim há uma semente. O devir nos convida a sermos aprendizes constantes, e o legado é a memória viva do que fomos enquanto estivemos presentes.
O sentido da vida, na visão da Gestalt e de outras escolas da psicologia, não é uma meta fixa, mas um caminho vivido com presença e abertura. É nesse caminhar consciente que a morte se torna parte da vida, e a vida, um testemunho de amor à existência.
Regina Almeida
É mãe, avó, escritora e psicóloga (CRP 01/22754) com uma caminhada única que combina psicologia iniciática e sabedoria atemporal. Há mais de 30 anos, ela se dedica à transformação pessoal e coletiva, inspirada em práticas como a psicologia analítica de Gustav Jung, Fenomenologia Existencial e Gestalt Terapia. Oferece Atendimentos Personalizados Presencial e On-line – WhatsApp 61 981721901
Iniciada na Suprema Ordem de Aquarius (SOA), Regina leva adiante ensinamentos profundos sobre prosperidade, abundância e despertar espiritual. Desde 1991, lidera grupos focados no desenvolvimento de mulheres, na realização do potencial humano e na construção de uma vida mais consciente e plena. Facilitadora de Formação de Terapeutas Integrativos para atuação profissional e multiplicadores sociais.