O Que Nos Vai na Alma? Uma Reflexão à Luz da Jornada de Maria Madalena e da Psicologia Profunda da Alma Feminina
Há um momento na vida de toda mulher em que o chamado da alma se torna inadiável. Não se trata de uma voz audível, mas de um sopro, um incômodo, uma inquietude que nasce nas profundezas do ser. Algo em nós deseja ser visto, ouvido, acolhido. Algo clama por verdade. É o início da jornada iniciática — a travessia rumo ao centro de si mesma.
Maria Madalena é um dos maiores arquétipos desse chamado. Muito além das leituras religiosas tradicionais, sua figura guarda um símbolo ancestral: o da mulher que enfrentou o exílio, o julgamento e a perda, mas que encontrou no silêncio e na solidão o caminho da revelação.
Após os eventos traumáticos da crucificação de Jesus, segundo a tradição esotérica e os relatos da cristandade gnóstica, Maria Madalena partiu para o exílio. Teria cruzado o mar em direção à Gália (atual sul da França), onde viveu os últimos anos de sua vida em contemplação, oração e silêncio numa gruta conhecida como La Sainte-Baume. Ali, no ventre da montanha, em total recolhimento, ela teria feito sua peregrinação interior mais profunda: da dor ao sagrado, da perda ao amor incondicional, do mundo ao Espírito.
Essa imagem de Madalena na gruta é extremamente poderosa para compreender o que vai na alma de uma mulher em processo de despertar. A gruta representa o útero da Terra, o lugar escuro e sagrado onde a transformação acontece. Ali, longe das vozes do mundo, ela escutou as vozes da alma.
O Silêncio e o Isolamento Não são Fuga mas Alquimia
A psicologia profunda nos diz que há fases em que a alma precisa se retirar — como o ciclo natural da lua minguante ou o inverno da terra. O silêncio e o isolamento não são fuga, mas alquimia. São o espaço-tempo necessário para que as feridas se curem, os véus caiam e o verdadeiro Eu se revele.
No simbolismo da jornada iniciática feminina, essa descida ao “subterrâneo” da alma é um rito sagrado. É preciso coragem para silenciar o ruído externo e escutar o que habita no interior. É preciso amor para acolher a dor sem se perder nela. É preciso fé para permanecer na escuridão até que a luz brote de dentro.
Madalena não fugiu do mundo — ela escolheu transcender o mundo, mergulhando no sagrado feminino que pulsa no silêncio da alma. O que nos vai na alma, muitas vezes, é um pedido por esse mesmo retiro. Por esse reencontro. Por esse espaço onde possamos, enfim, nos lembrar de quem somos além das máscaras.
Jornada Iniciática: O Caminho de Volta para a Essência
Maria Madalena é um dos maiores arquétipos desse chamado. Muito além das leituras religiosas tradicionais, sua figura guarda um símbolo ancestral: o da mulher que enfrentou o exílio, o julgamento e a perda, mas que encontrou no silêncio e na solidão o caminho da revelação.
Da dor ao Sagrado, da Perda ao Amor Incondicional, do Mundo ao Espírito.
Após os eventos traumáticos da crucificação de Jesus, segundo a tradição esotérica e os relatos da cristandade gnóstica, Maria Madalena partiu para o exílio. Teria cruzado o mar em direção à Gália (atual sul da França), onde viveu os últimos anos de sua vida em contemplação, oração e silêncio numa gruta conhecida como La Sainte-Baume. Ali, no ventre da montanha, em total recolhimento, ela teria feito sua peregrinação interior mais profunda: da dor ao sagrado, da perda ao amor incondicional, do mundo ao espírito.
O Fogo Sagrado que Nenhuma Tempestade é Capaz de Apagar
A alma feminina guarda memórias ancestrais. Ela se lembra dos tempos em que o feminino era reverenciado como portador de sabedoria, intuição e cura. A dor que sentimos hoje muitas vezes ecoa o esquecimento desse sagrado. E, assim como Madalena, somos chamadas a fazer o caminho de volta — não para o passado, mas para a essência.
Esse retorno exige o gesto simples e radical de escutar o que nos vai na alma — com ternura, com firmeza, com reverência. Pois ali, no mais íntimo de nós mesmas, vive o fogo sagrado que nenhuma tempestade é capaz de apagar.
A Jornada de Uma Peregrina Entre Santiago de Compostela e as Terras das Marias
Há jornadas que não se caminham apenas com os pés. Há aquelas que são conduzidas pelo coração, pela alma, por um chamado profundo que sussurra desde tempos antigos: ”Lembra-te de quem tu és.”
Assim começa a travessia de uma mulher, mãe, avó, iniciada, psicóloga, peregrina, e desperta, que põe os pés na Via da Prata, rumo à Catedral de Santiago de Compostela na Espanha. Mas sua jornada vai além dos quilômetros marcados nas setas amarelas. Ela busca algo que não se mede com mapas: o reconhecimento do sagrado em si mesma. Cada passo é uma oferenda. No encontro de cada Roseira a confirmação. Em cada desafio, uma iniciação.
Na vastidão das trilhas, entre montes e florestas, ela ouve o eco das que vieram antes — *as Marias, que carregaram no ventre e no espírito o mistério da vida, do amor e da cura. Entre elas, **Maria Madalena* se apresenta não como pecadora, mas como mulher iniciada, guardiã de saberes ocultos, amante do Cristo, testemunha da ressurreição e portadora do cálice da consciência crística.
Ao Encontro e Memória do Feminino Sagrado
Chegar a Compostela é um renascimento. Mas sua alma segue em peregrinação, atravessando os Pirineus até as águas do sul da França, onde a lenda se mistura com a fé e a memória do feminino sagrado ressurge.
Em Saintes-Maries-de-la-Mer, ela encontra o rastro das três Marias que, fugindo da perseguição, teriam aportado naquelas margens: Maria Jacobe, Maria Salomé e Maria Madalena, acompanhadas por uma figura misteriosa e luminosa: ’Sara, a negra, reverenciada como ‘Santa Sara Kali’, padroeira dos povos ciganos.
Ali, no coração da Camargue, entre salinas e danças de fogo, a peregrina se curva diante da ancestralidade. Percebe que não está só. Está acompanhada por uma linhagem de mulheres que ousaram amar, resistir, servir e recordar.
Sara Kali, de pele escura e véu colorido, representa o ventre da Terra e o útero cósmico. Guardiã dos caminhos, da intuição e da liberdade espiritual. Já Maria Madalena, nos montes de Sainte-Baume, onde viveu seus últimos dias em retiro, torna-se símbolo da união sagrada entre o divino masculino e o divino feminino — a integração de todas as polaridades em um só coração desperto.
A peregrina, ao tocar essas terras, não busca certezas, mas presença. Não segue dogmas, mas sinais. Sente, intui, celebra. E compreende que a peregrinação não termina com a chegada, mas se perpetua na escolha diária de viver com consciência, coragem e amor.
Regina Almeida
É mãe, avó, escritora e psicóloga (CRP 01/22754) com uma caminhada única que combina psicologia iniciática e sabedoria atemporal. Há mais de 30 anos, ela se dedica à transformação pessoal e coletiva, inspirada em práticas como a psicologia analítica de Gustav Jung, Fenomenologia Existencial e Gestalt Terapia. Oferece Atendimentos Personalizados Presencial e On-line – WhatsApp 61 981721901
Iniciada na Suprema Ordem de Aquarius (SOA), Regina leva adiante ensinamentos profundos sobre prosperidade, abundância e despertar espiritual. Desde 1991, lidera grupos focados no desenvolvimento de mulheres, na realização do potencial humano e na construção de uma vida mais consciente e plena. Facilitadora de Formação de Terapeutas Integrativos para atuação profissional e multiplicadores sociais.